A lua... "a minha lua da noite clara de maio" Hoje, logo ao anoitecer, saí a janela a procura da lua e lá estava ela... a minha lua! Falo dela como se fosse minha propriedade, mas é assim que a sinto. Eu não apenas olho para a lua, eu a sinto. As nuvens insistem em cubri-la em um demorado vai e vem como danças, mas ela reaparece mais pomposa e ousada. Fico me perguntando como pode haver tanto encanto, tanto mistério... e fico olhando-a com certa inveja do seu poder, do seu resplendor. Nesta época do ano, costumo dormir com a janela do quarto entreaberta e no silêncio da madrugada, fico procurando para tê-la como minha companhia até adormecer.
A minha lua das noites claras do mês de maio... a mesma lua que vi em uma noite no passado e nunca, nunca mais esqueci daquela noite. Era maio de 1976... não tinha luz nas ruas; porém, as mesmas estavam completamente iluminadas pela luz do luar. Me lembro que olhei para o céu e lá estava ela... lá naquele meu céu lindo e inalcançável. Aquele céu... aquela lua... aquele momento, jamais esquecerei! A minha lua estava lá como testemunha, testemunha viva e ocular de um momento que só restou para mim, pois nada mais sobrou. Tudo acabou! Acabou a história, acabou o personagem, acabou as minhas ruas iluminadas, os lugares, os encantos... Só ela... só a lua... só a lua ainda é a mesma. Só "a minha lua da noite clara de maio" ficou ao meu lado.
Todos... todos se foram... os anos escorreram pelo tempo, eu envelheci... eu fiquei! "Quantas coisas passaram por mim... quantos dias passaram por mim, e eu? Eu fiquei! Quantas pessoas passaram por mim... quantas pessoas partiram sem mim, e eu? Eu fiquei!!!"