Desperto! Fico horas na cama... levantar prá que?
Hoje mais um dia... mais um dia como tantos outros neste ano que se inicia. Sinto os dias passando por mim, me atropelando, me espremendo, me encurralando num beco sem saída.
Dias intermináveis ou não... não sei mais definir este tempo. Este tempo inexorável que avança nem sei prá onde.
Fico na cama, com o Sol invadindo meu quarto, pelas frestas da janela... rolando de um lado para o outro, sem motivação para levantar, tomar uma ducha refrescante e ir viver...
Viver o que ? Viver a mesmice de dias solitários? De ausências silenciosas? De não ter o que fazer, e espiar de longe a vida indo embora, sem me esperar na curva do tempo?
Ah não!!! Quero mais! Mais do que isso... Quero matar a saudades... a saudades que tenho de mim... saudades das caminhadas ao ar livre... dos almoços diferenciados no restaurante da cidade... dos passeios vagorosos pelas lojas do calçadão no centro comercial. Saudades das visitas às amigas no fim da tarde... encontro para um café, para um bate papo descontraído, para confidenciar um assunto qualquer...
Este confinamento absurdo, porém necessário, é uma prisão domiciliar... prisão sem direitos à visitas, sem direito à recursos, sem prazo estipulado de pena.
As horas passam... o relógio ao lado da cama não para, não espera... daqui à pouco será hora do almoço...preciso levantar. Preciso não! Devo!
Não posso deixar que a letargia me consuma e me tire a ânsia que ainda tenho de viver.
Vou lá... preparar algo para comer. Um café talvez... sentar na varanda... tomar um gole demorado... o olhar distante e a convicção que preciso... preciso reagir!!!
Por Marici França, 22 de janeiro de 2021, às 11 horas e 33 minutos
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