No fim da tarde, na rede da varanda olhando para o Céu... Uma música antiga começa no rádio que toca baixinho lá num canto da sala e uma lágrima rola escondida, no rosto entristecido...
Rosto envelhecido pelo tempo, pelo pranto... Foram tantas lágrimas que já rolaram sobre este rosto.
Se olho no espelho, não me reconheço mais... Cadê? Cadê parte de mim? Aquela parte que você carregou consigo quando foi embora...
Me esforço para visualizar algum traço de quem fui e não me encontro mais. Nenhum vestígio de juventude, nenhum traço de felicidade, nenhum detalhe que lembre da pessoa que fui, quando tive você em mim.
Só uma carcaça cobrindo a imagem do que sobrou de quem só você fez feliz.
A vista cansada que pouco enxerga, os cabelos embranquecidos, as mãos enrugadas, os passos lentos... Que dó! Que dó de mim...
Que dó da juventude interrompida, da vida subjugada, das lágrimas derramadas, das noites de insônia.
Que dó... que dó pessoa que envelheceu esperando por um amor que nunca mais voltou...
Por Marici França, 22 de outubro de 2015
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